Moisés negou o veredicto da televisão e
dos ditadores!
Já chegara ao limite!
Sofrera chibatadas nas senzalas, nas
tribos de índios,
Nos latifúndios cristãos,
Nos campos de concentração da colônia!
Aguentou!
Mas aí viu seus amigos mortos na
Cabanagem,
No cangaço, na guerrilha urbana, viu o
sumiço de Amarildo
Viu seus irmãos assassinados nos porões
do navio quando se levantavam,
Nos canaviais, na revolta de Zumbi, nas
manifestações!
Viu a tortura e o massacre em Canudos,
nas favelas, no Carandiru.
E decidiu que iria se erguer!
Contudo, antes que tirasse seus joelhos
do chão, foi fuzilado como preso político!
Moisés! Havia perdido a todos e a si
mesmo sem ao menos se defender!
Então colocaram bancos para extorquir seu salário,
Então colocaram bancos para extorquir seu salário,
Outros patrões para explorá-lo,
O reino das máquinas e do dinheiro,
A polícia para bater sistematicamente
nele e nos seus conhecidos!
Apanhou do estado, das empresas
capitalistas, do jornalista engravatado, do juiz!
Foi privado de defesa, de livros, de
comida, de emprego digno,
De educação, de cultura, de vida!
Foi colocado num ônibus 4 horas por dia
para ser carregado que nem gado.
E ainda lhe disseram que isso era
democracia, justiça, liberdade...
Aí Moisés saturou!
Decidiu que iria se armar do jeito que desse,
E mesmo sem armas, pegou suas poesias,
As pedras que sobraram da sua casa
derrubada pelo governador, os paus que apareceram
E atirou contra metralhadoras e agências
bancárias.
Só que o chamaram de violento!
Insistiram para que ele parasse, para
que se agachasse de volta!
Mas Moisés apanhara a 513 anos!
Não havia o que lhe dizer!
Estava convicto de que iria se defender!
Nenhum comentário:
Postar um comentário