16 de out. de 2013

Em legítima defesa





Moisés negou o veredicto da televisão e dos ditadores!
Já chegara ao limite!

Sofrera chibatadas nas senzalas, nas tribos de índios,
Nos latifúndios cristãos,
Nos campos de concentração da colônia!
Aguentou!

Mas aí viu seus amigos mortos na Cabanagem,
No cangaço, na guerrilha urbana, viu o sumiço de Amarildo
Viu seus irmãos assassinados nos porões do navio quando se levantavam,
Nos canaviais, na revolta de Zumbi, nas manifestações!
Viu a tortura e o massacre em Canudos, nas favelas, no Carandiru.
E decidiu que iria se erguer!
Contudo, antes que tirasse seus joelhos do chão, foi fuzilado como preso político!

Moisés! Havia perdido a todos e a si mesmo sem ao menos se defender!
Então colocaram bancos para extorquir seu salário,
Outros patrões para explorá-lo,
O reino das máquinas e do dinheiro,
A polícia para bater sistematicamente nele e nos seus conhecidos!
Apanhou do estado, das empresas capitalistas, do jornalista engravatado, do juiz!
Foi privado de defesa, de livros, de comida, de emprego digno,
De educação, de cultura, de vida!
Foi colocado num ônibus 4 horas por dia para ser carregado que nem gado.
E ainda lhe disseram que isso era democracia, justiça, liberdade...

Aí Moisés saturou!
Decidiu que iria se armar do jeito que desse,
E mesmo sem armas, pegou suas poesias,
As pedras que sobraram da sua casa derrubada pelo governador, os paus que apareceram
E atirou contra metralhadoras e agências bancárias.

Só que o chamaram de violento!
Insistiram para que ele parasse, para que se agachasse de volta!
Mas Moisés apanhara a 513 anos!
Não havia o que lhe dizer!
Estava convicto de que iria se defender!

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