17 de mar. de 2013

Encontro



No corpo da grande terra de Vera Cruz,
Onde há contornos de todas os povos,
Onde vivem células do oriente e do ocidente,
Do sul e do norte,
Há a parte mais alta, e eu vos pergunto:
A parte mais do corpo é a cabeça?
Não! Nesse caso, a parte mais alta é estranha ao corpo
Subi lá no alto de Vera Cruz e encontrei poeira
Alguns me dirão que sou anti-nacionalista
Que ataco minha pátria como um soldado romano
Direi que, não somente esse estado de coronéis,
Mas todo o corpo desse país está doente.
Pois nem a parte mais alta é a cabeça, nem a mais baixa os pés que nos sustentam,
Nem as pernas, as mãos e os dedos, o coração desse corpo está fora dele.
Nenhuma pátria há aqui!

Nos hinos de todas as cidades e grupos, de todas as seitas, de todos os altares
O belo é perseguido com uma raposa. Os bosques próprios sempre têm mais vida.
Outrora, o hino de São Luís não pode ser diferente. As trombetas ecoam  a pátria amada.
Mas no Maranhão de oligarcas, na parte mais alta do corpo que não é a cabeça, no lugar onde moram os filhos bastardos desse solo, o belo é um privilégio.
O belo foi catalogado, cifrado e comprado para ser servido no jantar do rei.
O belo escapa a todas as filosofias e artes, é a guerra, é salgado como o mar.
Aquele modelo urbano de engolir fumaça se espalha.
Vejam o mar de São Luís do maranhão, as nuvens que pairam dobre as dunas, os lençóis que não forram.
Vejam as bijuterias, o ar a ser mergulhado, as raridades.
Só não se esqueçam que em frente o Mar há o José que não sabe para onde marcha.
Esse que na incerteza se joga no fundo das águas infinitas e some nas suas próprias lágrimas.
Observem próximo praias as garotas infantis estupefatas de pintos, a esperar um carro!
A barbárie institucionalizada nas butinas do Marechal, do senhor de engenho, do capitão do mato policial.
Aquele Deus que, junto ao seu clã, é mais cruel que o Deus dos cristãos.
Ah! São Luís! Terra com lei do cão, terra que me beija pelas suas esquinas com crianças e prostiututas, com negros fugidos , terra histórica que traz consigo o velho império, a velha colônia, a antiga República, a nova gasolina do povo em chamas.
São Luís que chora perante o mar! Seca de saliva para falar.

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